A exposição de Letícia Parente, em cartaz no Museu de Arte Moderna, com curadoria de Katia Maciel e André Parente – filho de Letícia – traz para o público pela primeira vez no Brasil, uma ideia de conflitos entre cotidiano e reprodução em série no corpo.
Logo no primeiro momento, Letícia Parente traduz a sua melhor forma de expressão: a fusão arte-vida. A artista pesou a mão, mas não de forma negativa, na hora de tratar da vida, do dia a dia, das questões rotineiras, no que diz respeito ao universo feminino. Letícia conseguiu em suas fotografias e vídeos fazer com que o espectador se identificasse o que estava sendo exposto.
Letícia Parente foi personagem da sua própria exposição e utilizando objetos diversos, Parente atraiu a atenção para a casa e o comportamento humano. Com o toque de criatividade, ela usou da agulha ao cabide, do carimbo ao tubo de ensaio. O que até remeteria quem leu a sua biografia a relacionar com o seu mundo, com a sua formação. Letícia é doutora em Química.
Apesar de em sua exposição ser possível encontrar fotografias, vídeos, pinturas e xerox, os audiovisuais foram o carro chefe daquela imensidão de obras, como “Nordeste”, “Tarefa”, “Carimbo”, “Marca Registrada”, “In”, “Chamada” e “Quem Piscou Primeiro”.
Em “Marca Registrada”, Letícia aborda uma surpreendente cena, onde uma mulher costura em seus próprios pés, a frase “Made In Brasil”, o que significa justamente a garantia, a marca registrada daquela mulher. Já na obra “Tarefa 1”, a própria deita-se sobre uma tábua de passar e alguém passa a roupa a ferro (com a artista dentro da roupa), talvez fazendo um sarcasmo com o cotidiano.
Vale lembrar que Letícia é baiana, soteropolitana e, durante o seu tempo dedicado à arte, pôde ministrar sua primeira exposição no Brasil sobre arte e ciência, além de ser considerada uma das precursoras da videoarte no país.
Dentre pinturas, vídeos, fotografias e, o mais curioso, a performance pessoal da artista, para consumidores de cultura que gostam de se surpreender com combinações improváveis ou, sarcasticamente divertidas, a exposição Letícia Parente é ponto marcado.
Texto: Larissa Meira